Em dez anos, haverá mais motocicletas nas vias brasileiras do que carros. É o que aponta o estudo “A mobilidade Urbana no Brasil”, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado na última quarta-feira.
A pesquisa mostra que a demanda por transporte público caiu 30% na última década. No mesmo período, a compra de carros cresceu em média 9% ao ano e a de motos, 19%. A previsão é de que a partir de 2012 a aquisição de motocicletas será maior do que a de automóveis.
“Em uma década seremos um país sobre duas rodas. Estamos seguindo um modelo asiático. Lá, as motos entopem as ruas. Isso é efeito de um transporte público ruim, pouco atrativo. A forma que o cidadão encontra para deixar o transporte público é ir para a motocicleta. Moto polui muito mais do que carro. Se comparar com transporte público, polui 40 vezes mais”, afirma Carlos Henrique Ribeiro de Carvalho, técnico de planejamento e pesquisa do Ipea, coordenador do trabalho.
Carvalho alerta ainda para o fato de a moto matar muito mais do que o carro. Em 1997, houve 12,5 mil mortes de pedestres, 973 de motociclistas e 3,9 mil de pessoas em carros. Em 2007, depois que 7,6 milhões de motos entraram em trânsito, o número de mortes de motociclistas passou para 8.118, o de pedestres caiu para 9.657 e o de pessoas em carros, subiu para 8.273.
O pesquisador do Ipea cita o exemplo do Rio de Janeiro para mostrar a transformação das viagens urbanas no País. Em 1950, os bondes respondiam pela maioria dos deslocamentos (649 milhões de viagens por ano), seguidos de ônibus (216 milhões), trens (208 milhões) e carros (20 mil). Em 2005, automóveis fizeram 1,6 bilhão de deslocamentos urbanos e os ônibus, 1,5 bilhão. Trens e metrôs responderam por 259 milhões de viagens.
Segundo Carvalho, esse fenômeno se explica, em parte, pelo crédito farto e longos prazos de financiamento de carros e motocicletas – no caso de motos, o valor da prestação se aproxima ao gasto mensal com a tarifa de transporte público. O alto custo das passagens também influenciou a mudança do comportamento.
O crescimento do transporte individual tem forte impacto no trânsito. Em 1992, o tempo médio de deslocamento casa-trabalho do brasileiro era de 37,9 minutos. Em 2008, passou para 40,3. E 19% das pessoas perdem mais de duas horas diárias nesse trajeto.
por Agência Estado (www.gaz.com.br)
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