Apesar da alta de 11,5% nas vendas de agosto, marcas mantém estado de alerta
A "invasão" chinesa nunca chegou a se concretizar. Mas ao primeiro sinal de avanço de marcas como Chery e JAC Motors,
o governo se apressou a tomar atitudes que chamou de "protecionistas".
"Na verdade, cedeu a pressões e baseou o modelo econômico em função do
consumo", afirma Ayrton Fontes, economista e analista de varejo
automotivo. Assim surgiu o "Super IPI", e desde que ele entrou em vigor o clima se repete nas reuniões para divulgação do balanço de vendas das empresas ligadas à Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores, Abeiva. Nem mesmo uma pequena reação como a registrada em agosto é capaz de aliviar a tensão.
No último mês, as importadoras pegaram carona no aquecimento geral do mercado e conseguiram alcançar a marca de 11.975 unidades emplacadas, ante as 10.739 de julho. A recuperação de 11,5%, porém, não muda o cenário enfrentado pelas marcas. Na comparação com agosto de 2011, o mercado de importados se vê diante de uma queda de 41,4% no volume de vendas.
A soma de todas as unidades comercializadas pelas associadas da Abeiva também segue a tendência de baixa. Nos primeiros oito meses de 2012, um total de 93.685 veículos importados foram parar nas garagens dos brasileiros. O resultado é 27,5% inferior ao alcançado em igual período do ano passado - quando 129.284 unidades foram emplacadas. Esses números se traduzem em perda de participação de mercado. De acordo com Flavio Padovan, presidente da Abeiva, o market share das importadoras caiu de 5,79% em 2011 para 3,92% atuais. Enquanto a participação dos modelos importados por montadoras ligadas à Anfavea fica em torno de 16,3%.
No último mês, as importadoras pegaram carona no aquecimento geral do mercado e conseguiram alcançar a marca de 11.975 unidades emplacadas, ante as 10.739 de julho. A recuperação de 11,5%, porém, não muda o cenário enfrentado pelas marcas. Na comparação com agosto de 2011, o mercado de importados se vê diante de uma queda de 41,4% no volume de vendas.
A soma de todas as unidades comercializadas pelas associadas da Abeiva também segue a tendência de baixa. Nos primeiros oito meses de 2012, um total de 93.685 veículos importados foram parar nas garagens dos brasileiros. O resultado é 27,5% inferior ao alcançado em igual período do ano passado - quando 129.284 unidades foram emplacadas. Esses números se traduzem em perda de participação de mercado. De acordo com Flavio Padovan, presidente da Abeiva, o market share das importadoras caiu de 5,79% em 2011 para 3,92% atuais. Enquanto a participação dos modelos importados por montadoras ligadas à Anfavea fica em torno de 16,3%.
Perto do colapso
Com
menor participação no mercado, as empresas importadoras não encontram
outra saída senão o corte de custos e, consequentemente, de empregos. A
previsão era de que até o fim do ano 10 mil postos de trabalho seriam
fechados. Contudo, esse corte já foi realizado, o que reduziu de 35 mil
para 25 mil o número de empregos diretos do setor. "Até o fim do ano,
devem ocorrer mais 5 mil demissões", alerta Padovan.
Até o mês de agosto, a esperança das associadas da Abeiva recaiam sobre o anúncio do novo regime automotivo. Mas as expectativas foram frustradas e o governo não se posicionou a respeito. Nos bastidores, a previsão para a divulgação das novas regras do jogo, agora, é para o fim do mês.
Até o mês de agosto, a esperança das associadas da Abeiva recaiam sobre o anúncio do novo regime automotivo. Mas as expectativas foram frustradas e o governo não se posicionou a respeito. Nos bastidores, a previsão para a divulgação das novas regras do jogo, agora, é para o fim do mês.
De acordo com líder de
projetos do setor automotivo da Agência Brasileira de Desenvolvimento
Industrial (ABDI), Bruno Jorge Soares, o detalhamento do novo regime
automotivo está na fase de "ajustes finos" e sob os cuidados dos
Ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior. Seja como for, já é sabido que nenhuma mudança, se anunciada,
entrará em vigor antes de janeiro de 2013.
A única informação conhecida sobre o sistema de cotas é que ele não será em valores, como no caso do acordo Brasil-México, mas em volume de vendas. A Abeiva espera que as cotas sejam determinadas independentemente da existência de um projeto de fábrica e com base nos emplacamentos dos últimos anos. AS empresas que optarem por construir aqui, teriam mais benefícios.
Flavio Padovan afirma que os seguidos adiamentos na definição do regime só aumentam o "estrago" na economia como um todo. "O tom de defesa da indústria nacional não é errado. Mas é preciso tomar cuidado com os passos. Nenhum país sobrevive só do que produz. Assim, se perde a referência de produto e tecnologia e a competitividade fica para trás. E hoje o Brasil já não é competitivo", afirma.
O presidente da Abeiva conta que todas as marcas suspenderam projetos ou tiraram o pé do acelerador diante das indefinições. "Há desejo de investir, mas tem de haver incentivo para quem quer entrar no mercado. Afinal, mesmo as quatro grandes de hoje começaram importando veículos em algum momento".
Enquanto isso...
A única informação conhecida sobre o sistema de cotas é que ele não será em valores, como no caso do acordo Brasil-México, mas em volume de vendas. A Abeiva espera que as cotas sejam determinadas independentemente da existência de um projeto de fábrica e com base nos emplacamentos dos últimos anos. AS empresas que optarem por construir aqui, teriam mais benefícios.
Flavio Padovan afirma que os seguidos adiamentos na definição do regime só aumentam o "estrago" na economia como um todo. "O tom de defesa da indústria nacional não é errado. Mas é preciso tomar cuidado com os passos. Nenhum país sobrevive só do que produz. Assim, se perde a referência de produto e tecnologia e a competitividade fica para trás. E hoje o Brasil já não é competitivo", afirma.
O presidente da Abeiva conta que todas as marcas suspenderam projetos ou tiraram o pé do acelerador diante das indefinições. "Há desejo de investir, mas tem de haver incentivo para quem quer entrar no mercado. Afinal, mesmo as quatro grandes de hoje começaram importando veículos em algum momento".
Enquanto isso...
Para os consultores ouvidos por Autoesporte,
a atuação das importadoras manterá a retração até o fim do ano. Mas
Roberto Barros, analista de mercado da consultoria IHS Global Insight,
acredita que a queda não seja tão alarmante quanto as associadas da Abeiva apontam. "A consultoria já fez diversos estudos diante dos balanços da Abeiva
e uma das conclusões é de a diminuição das vendas não é tão acentuada.
No ano passado é que o volume ficou acima da média", diz.
Também há unanimidade no que diz respeito a quem sofreu o maior prejuízo com toda essa história: as chinesas. A maioria não conseguiu avançar diante do aumento do imposto, visto que tinham estratégias baseadas principalmente no baixo custo e na ampla oferta de equipamentos. Autoesporte procurou Chery e JAC, mas não conseguiu nenhum posicionamento por parte das importadoras.
Já Humberto Gandolpho Filho, diretor comercial da CN Auto, empresa que representa a Hafei e a Jinbei no país, disse que o "super IPI" atrapalhou bastante. Mas que não é o único vilão da atualidade. "Há grande restrição de crédito. E na faixa em que atuamos, isso dificulta as coisas. Por isso fomos obrigados a trabalhar alternativas. Hoje oferecemos consórcio e parceria com bancos", afirma. Ele diz que a Hafei caiu, mais ou menos, como o mercado. Mas que as vendas da Jinbei subiram - passaram de 487 entre janeiro e agosto de 2011 para 767 este ano. "A linha Towner sofreu porque o grande apelo era preço. Mas a Jinbei cresceu! A rede está aprendendo a trabalhar e conseguiu posicionar bem o preço de seus modelos entre Kombi e veículos carros a diesel", resume.
Humberto admite que a direção da CN Auto tem conversado com outras marcas chinesas (o grupo teria inscrito a empresa DFSK na Abeiva), mas não há nada definido. Por ora, o foco está na fábrica anunciada para o Espírito Santo e no Salão do Automóvel, onde serão apresentadas as reestilizações da Topic e da Towner - modelo que será produzido por aqui a partir de 2014. "O contrato está assinado. Mas estamos aguardando o novo regime automotivo, que tem sido adiado constantemente pelo governo. Sem saber o que vai acontecer não dá para fazer um grande investimento", conclui.
A Chery também incluiu uma nova marca na associação. Trata-se da Rely, divisão de comerciais leves compactos que trará picapes e vans para competir com modelos como a Towner. A estreia da empresa será no salão.
Effa e Lifan não fazem mais parte do grupo da Abeiva. Enquanto os rumos da primeira estão indefinidos, a segunda se prepara para começar suas operações de modo independente (antes atuava junto com a Effa) a partir de setembro ou outubro. Seu novo QG será na cidade de Salto, em São Paulo.
Também há unanimidade no que diz respeito a quem sofreu o maior prejuízo com toda essa história: as chinesas. A maioria não conseguiu avançar diante do aumento do imposto, visto que tinham estratégias baseadas principalmente no baixo custo e na ampla oferta de equipamentos. Autoesporte procurou Chery e JAC, mas não conseguiu nenhum posicionamento por parte das importadoras.
Já Humberto Gandolpho Filho, diretor comercial da CN Auto, empresa que representa a Hafei e a Jinbei no país, disse que o "super IPI" atrapalhou bastante. Mas que não é o único vilão da atualidade. "Há grande restrição de crédito. E na faixa em que atuamos, isso dificulta as coisas. Por isso fomos obrigados a trabalhar alternativas. Hoje oferecemos consórcio e parceria com bancos", afirma. Ele diz que a Hafei caiu, mais ou menos, como o mercado. Mas que as vendas da Jinbei subiram - passaram de 487 entre janeiro e agosto de 2011 para 767 este ano. "A linha Towner sofreu porque o grande apelo era preço. Mas a Jinbei cresceu! A rede está aprendendo a trabalhar e conseguiu posicionar bem o preço de seus modelos entre Kombi e veículos carros a diesel", resume.
Humberto admite que a direção da CN Auto tem conversado com outras marcas chinesas (o grupo teria inscrito a empresa DFSK na Abeiva), mas não há nada definido. Por ora, o foco está na fábrica anunciada para o Espírito Santo e no Salão do Automóvel, onde serão apresentadas as reestilizações da Topic e da Towner - modelo que será produzido por aqui a partir de 2014. "O contrato está assinado. Mas estamos aguardando o novo regime automotivo, que tem sido adiado constantemente pelo governo. Sem saber o que vai acontecer não dá para fazer um grande investimento", conclui.
A Chery também incluiu uma nova marca na associação. Trata-se da Rely, divisão de comerciais leves compactos que trará picapes e vans para competir com modelos como a Towner. A estreia da empresa será no salão.
Effa e Lifan não fazem mais parte do grupo da Abeiva. Enquanto os rumos da primeira estão indefinidos, a segunda se prepara para começar suas operações de modo independente (antes atuava junto com a Effa) a partir de setembro ou outubro. Seu novo QG será na cidade de Salto, em São Paulo.
por Renata Viana de Carvalho (Auto Esporte)
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