domingo, 20 de novembro de 2011

JAC Motors oficializa fábrica na Bahia com novo carro

Planta da futura fábrica da JAC Motors em Camaçari, Bahia

Camaçari receberá unidade que produzira modelos de até R$ 40 mil

Mais uma vez, o estado da Bahia volta a ser o centro das atenções automotivas: o Polo Industrial de Camaçari, onde também está a Ford, foi escolhido para abrigar uma nova fábrica de automóveis. Com o investimento de R$ 900 milhões, a JAC Motors, marca de origem chinesa trazida ao País por iniciativa do empresário Sérgio Habib, terá sua nova planta (de 150 mil metros quadrados) instalada em uma área de cinco milhões de metros quadrados. A construção da unidade, que terá 80% de seu custo financiado pelo Grupo SHC e os 20% restantes investidos pela matriz, terá início no ano que vem.


“É um marco importante para a indústria automobilística brasileira, pois será a primeira montadora de automóveis de grande volume do Brasil, que produzirá modelos abaixo de R$ 40 mil, com controle totalmente nacional”, comenta Habib, acionista do Grupo SHC e presidente da JAC Motors Brasil. Segundo o empresário, a fábrica iniciará suas atividades em 2014 com capacidade para produzir 100 mil unidades por ano, em dois turnos. Além disso, a empreitada deverá criar 13,5 mil novos empregos – sendo 3,5 mil diretos.


Novo carro


O modelo que será produzido no país está sendo projetado no centro de desenho que a JAC Motors possui em Turim, na Itália. O veículo será oferecido nas versões hatch e sedan, com opções de motores 1.4 VVT, do J3, e 1.5, ambos flex. “Faremos um carro novo, estamos prevendo que os primeiros modelos sairão da linha de produção em março de 2014”.


Durante a coletiva de imprensa, Habib comentou que está trabalhando nesse projeto há cerca de um ano. A escolha por Camaçari, segundo o empresário, não se deu apenas por conta de incentivos. “Temos uma casa em Trancoso, no sul da Bahia, onde o Instituto SHC atua com projetos para dar assistência a crianças carentes. Nossa ligação com o estado é, antes de tudo, afetiva, o que pesou na escolha por Camaçari”. O empresário aproveitou o evento para apresentar uma orquestra formada por crianças ligadas ao instituto.


Também feliz pela escolha da cidade baiana, o governador Jacques Wagner festejou o anúncio do novo empreendimento. “A fábrica vai trazer uma nova marca para a Bahia, e também a energia e o vigor do Sérgio, a quem conheço há pouco tempo. Tivemos uma conversa muito franca há alguns meses e dali em diante as negociações começaram a caminhar”. Wagner classificou o anúncio como um presente. “Estamos trabalhando para atrair mais empresas, para consolidar o polo automotivo no estado e a chegada da JAC Motors, além da Ford, é muito importante para o desenvolvimento local. Será um sucesso aqui e em todo o país”, comentou o governador. 

Sergio Habib, presidente da JAC Motors Brasil, assina documento que oficializa instalação da fábrica

O diretor geral da Jac Motors, She Cairong, também demonstrou otimismo com a instalação da unidade no país. “Em menos de um ano, conseguimos conquistar 1% do mercado, graças a vocês. Somos muito gratos. O Brasil é reconhecido mundialmente por fazer parte do BRIC, por sua economia crescer com velocidade. E a Bahia é uma das maiores potências do país”. No estado, a marca já possui 2% do mercado.

Cairong lembrou que a China já é o maior parceiro do Brasil em investimentos e obsevou que o Grupo SHC, maior distribuidor de automóveis do Brasil, gera muita confiabilidade para a matriz, que tem mais de 40 anos de história produzindo ônibus, automóveis, SUVs e utilitários. “Na China, vamos produzir e vender mais de 500 mil unidades de veículos, exportando 66 mil unidades desse total. E estamos muito contentes com as conquistas da JAC Motors no Brasil. É uma emoção única ver os brasileiros dirigindo nossos carros. Esse sucesso prova que a parceria terá longa história, que proporcionará empregos para os brasileiros. A JAC Motors será brasileira e temos muito orgulho disso”.

Escolha e mercado

Responsável pela chegada da marca Citroën no País e pela importação de modelos sofisticados, como os Aston Martin, o Grupo SHC já conta com mais de 90 revendas, mais de cinco mil colaboradores e estima encerrar o ano com mais de 70 mil carros vendidos – considerando todas as marcas que representa. Com um faro apurado para negócios, Sérgio Habib, premiado por Auto Esporte como Empresário do Ano, disse que escolheu trabalhar com a JAC Motors por ser uma empresa muito aberta ao exterior.

“Eles possuem um centro de desenvolvimento e pesquisa em Turim, o que nenhuma outra marca chinesa tem. Além disso, a montadora conta com um centro de estilo em Tóquio, onde o interior dos carros é desenvolvido. As fábricas da JAC são muito modernas, robotizadas, e seus produtos estão adaptados ao gosto do consumidor brasileiro. São carros confiáveis. Rodamos dois milhões de quilômetros com o J3 na fase de testes”.

O empresário acredita que há espaço para todas as marcas, ainda mais com a previsão de continuidade do crescimento do mercado nacional para os próximos anos. “Em oito anos, nosso mercado era menor que o espanhol. Hoje ele é maior que o alemão. Somos o quarto mercado do mundo. Cinco milhões de pessoas que andavam a pé no país estão comprando carros. Em Salvador, o mercado triplicou de 1998 até os dias de hoje”.

Atento a essa tendência, Habib lembrou que as vendas de veículos no nordeste ainda tem muito a crescer porque a renda dos trabalhadores locais ainda é baixa. “O mercado de São Paulo é de 34 mil carros por mês. Lá existe um carro para cada dois habitantes. Não cresce mais. Seu peso era de 21% do mercado em 1998, mas hoje é de apenas 11%.” Segundo Habib, isso ocorre justamente porque as outras regiões do país estão crescendo muito. “Salvador, com um mercado de 6,5 mil carros mês, representa metade do que é vendido em toda a Colômbia. E vai continuar crescendo. O mercado da cidade saltará para 14 mil carros ao mês nos próximos anos”.

Para abocanhar uma boa fatia desse percentual, o empresário pretende ter uma fábrica completa. Para isso, a produção local também ganhará o reforço de outras áreas importantes, como um centro de desenvolvimento de novas tecnologias, centro de estilo e design (que poderá contar com 50 profissionais), laboratórios de acústica e controle de emissão de poluentes, pista de testes e centro de capacitação profissional, além das tradicionais etapas de produção, como armação de carrocerias, soldagem, pintura e montagem final. As fases de estamparia de componentes e produção de motores estão previstas para começar a operar nos próximos anos. 

por Igor Thomaz (Auto Esporte)

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