Após investimento, faturamento chega a R$ 52 mil por mês. Sebrae divulga a importância da sustentabilidade para pequenos negócios
Uma oficina mecânica, na Grande São Paulo, se transformou numa
defensora do meio ambiente. O empresário investiu em organização e
melhoria no ambiente de trabalho. O resultado chegou rápido: a clientela
cresceu e os lucros aumentaram.
Sustentabilidade é um tema presente em todos os segmentos da sociedade.
Empresas e entidades buscam caminhos para tornar mais saudáveis, uma
cidade, um país e um planeta.
O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae),
por meio de programas e palestras, divulga a importância do assunto para
as micro, pequenas e médias empresas.
“O Sebrae quer fazer esse debate com a nossa clientela, com nossas
milhões de micro e pequenas empresas para que eles coloquem na sua
agenda no trabalho cotidiano esse tema. (...) Sustentabilidade também é
importante naquilo que a gente chama de inovação. Aumentar a
produtividade, melhorar a eficiência energética, acondicionamento de
resíduos sólidos, como que a gente faz aí os nossos negócios
sustentáveis”, afirma Luíz Barreto, presidente do Sebrae.
E tem empresas que já puseram essas ações em prática. Uma oficina, em
Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo. As paredes sujas e mecânicos
cheios de graxas são coisas do passado. Tudo ficou bem limpinho e muito
bem cuidado.
O empresário Francisco Severiano Alves é mecânico há 20 anos. Ele
planejou, reformou e organizou a oficina. A ideia era melhorar o
ambiente de trabalho e diminuir os gastos com manutenção. E deu certo.
Há 8 anos o lucro só aumenta.
A primeira ideia do empresário na oficina foi utilizar telhas
translúcidas, para ter mais claridade. A economia na conta de luz foi
imediata. Francisco pagava, em média, R$ 220 mensais. Hoje o valor não
passa dos R$ 120 por mês.
A oficina tem cerca de 220 metros quadrados de área. Antes ele deixava a
luz acessa durante 8 horas do dia. Agora ele praticamente não usa.
O empresário foi ainda mais longe. Descobriu que podia economizar
também com a água. Um pequeno reservatório capta e armazena a água da
chuva. “Quando chove, vai para a calha. Tem duas tubulações que cai para
a caixa d´água. A caixa, quando enche, tem mil litros, quando enche a
gente joga para a cisterna e faz com que eu reutilize a água da chuva.
Tanto para lavar peça como para lavar a oficina”, explica.
Francisco participou de diversos cursos do Sebrae, entre eles o
Sebraetec, que é um programa que apoia as empresas com soluções de
inovação e tecnologia. O empresário adquiriu novos conhecimentos e
passou então a implantar outras melhorias na oficina.
Agora, as peças ficam organizadas e todo fluxo de caixa é controlado.
As capacitações renderam outras ideias para o empresário. As peças de
descarte e o óleo usado são vendidos para uma usina de reciclagem. Tudo o
que é arrecadado é reinvestido em equipamentos para a oficina.
O óleo separado fica em uma caneleta. Ele é retirado e colocado em
tonéis. O conteúdo é vendido para uma empresa coletora, que paga R$ 0,30
por litro. O empresário ganha cerca de R$ 300 por mês só com a venda do
óleo. “O destino dele é para uma refinaria. Onde vai tirar as impurezas
dele e voltar como lubrificante, novamente para ser usado”, explica
José Luíz Altafi, coletor de óleo.
Além disso, os papelões e os plásticos de produtos usados na oficina
não vão para o lixo. Eles são separados em caçambas. O conteúdo é levado
pelos próprios funcionários para uma coletora próxima da oficina. Ele é
pesado e comprado a R$ 0,15 o quilo. “Além de a gente ajudar o meio
ambiente, a gente leva para oficina e a metade desse dinheiro é separado
para a gente, para os funcionários e para comprar ferramenta para a
oficina”, diz Daniel Clemente Mota de Souza, mecânico.
O empresário investiu, há oito anos, R$ 25 mil na oficina e hoje,
depois de tudo implantado, o faturamento chega a R$ 52 mil por mês. Além
dos prêmios conquistados, o lucro da oficina aumentou. Resultado:
planejamento aliado à ajuda ao meio ambiente só traz benefícios a todos.
“Do ponto de vista do Sebrae, que trata com empresários, com empresas o
que a gente quer é quais as potencialidades de ganho, aumentar a
produtividade, aumentar eficiência, melhorar a nossa relação com os
nossos concorrentes externos. Portanto, é isso mesmo. Identificar nossos
nichos de mercado para que a gente aumente a capacidade e os mercados
para as pequenas empresas”, diz Luíz Barreto.
por PEGN TV (www.g1.globo.com)