Palhetas, pneus, lâmpadas, pastilhas... deixá-las na oficina é o ideal, mas é importante ficar atento ao destino
A história é sempre a mesma. Depois de algum serviço na oficina, o mecânico mostra a peça trocada para o cliente para provar que o serviço foi feito. Aí vem a pergunta, "o senhor vai querer levar a peça"?
“Por direito, as peças pertencem ao dono do carro. Se ele pensar na preservação ambiental, no entanto, se dará conta de que o melhor é deixá-las na oficina, que deve destiná-las à reciclagem, para não prejudicar o meio ambiente”, explica Antônio Gaspar de Oliveira, diretor técnico e ambiental do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado de São Paulo (Sindirepa).
Adriano Assi, diretor da Exposucata – Feira e Congresso Internacional de Negócios da Indústria da Reciclagem –, alerta que, além de agredir a natureza, o descarte desses materiais em locais impróprios – o que inclui o lixo comum – representa um sério problema de saúde pública. “Os pneus podem contribuir para a proliferação do mosquito transmissor da dengue. E com a contaminação do solo e dos rios há riscos de outras doenças”.
Minha oficina está ok?
Mas como saber se a oficina de sua confiança envia todas as peças para a reciclagem? Oliveira revela: “As oficinas não têm uma fiscalização efetiva. Hoje, a destinação correta dos itens são de iniciativa própria e não por imposição governamental. O ideal é que cada município tivesse coleta seletiva.
Na cidade de São Paulo, alguns bairros sequer têm coleta de lixo”. Por isso, o diretor técnico aponta a importância da ajuda de empresas especializadas. “É fundamental que as oficinas contratem uma empresa de solução ambiental para retirada e destinação dos componentes contaminados por óleos ou produtos tóxicos. Mas isso representa um custo para elas, claro”, avalia.
Sobre as oficinas das concessionárias das principais marcas de veículos do país – Chevrolet, Fiat, Ford, Renault e Volkswagen – ele diz: “Como os fabricantes têm a certificação ISO 14001 [conjunto de normas que definem parâmetros e diretrizes para a gestão ambiental das empresas], acabam exigindo que suas concessionárias façam suas adequações”. Ou deveriam. Nenhuma dessas montadoras orienta seus consumidores quanto à destinação das peças substituídas. Apenas divulgam sua política ambiental.
Apesar da fiscalização ineficaz, você, motorista, pode investigar os processos de preservação ambiental da oficina antes de levar o seu carro. “Há as que seguem normas e têm certificações ambientais. É essencial que o cliente questione a destinação de suas peças”, salienta o diretor do Sindirepa.
Pneus usados contam com norma específica de descarte
Normas
De acordo com a resolução 416 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), os fabricantes e importadores de pneus novos são obrigados a recolher e destinar adequadamente os pneus inservíveis. O consumidor ambientalmente consciente pode confirmar se os procedimentos dos distribuidores e dos revendedores são feitos da maneira correta.
De acordo com a resolução 416 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), os fabricantes e importadores de pneus novos são obrigados a recolher e destinar adequadamente os pneus inservíveis. O consumidor ambientalmente consciente pode confirmar se os procedimentos dos distribuidores e dos revendedores são feitos da maneira correta.
Para isso existe a Reciclanip, entidade sem fins lucrativos criada por fabricantes de pneus novos – Bridgestone, Goodyear, Michelin, Pirelli e Continental – que recolhe e destina os pneus usados. No www.reciclanip.com.br, constam mais de 460 pontos de coleta por todo o país, mas é preciso levá-los até eles.
Já a Conama 401 estipula que os estabelecimentos que comercializam baterias, bem como a rede de assistência técnica, deverão receber baterias usadas dos usuários e repassá-las aos respectivos fabricantes ou importadores, sendo facultativa a recepção de outras marcas.
Sobre a destinação de demais peças, Oliveira diz: “A Política Nacional de Resíduos Sólidos [instituída e regulamentada em 2010] pode contribuir para uma série de acordos entre os fabricantes, que tendem a encontrar soluções”.
Selo ajuda a identificar oficinas que contribuem com o descarte adequado de peças
Selo Verde
O Centro de Experimentação e Segurança Viária (Cesvi) e o Instituto de Qualidade Automotiva (IQA), em parceria, lançaram em 2009 a “Certificação Ambiental”. Desde então, oficinas independentes e de concessionárias que atendem a todas as recomendações da certificação podem solicitar o Selo Verde, válido por um ano.
“Hoje, em qualquer área, buscam-se soluções eficientes que causem menos impactos na natureza. Na reparação automotiva, isso significa se preocupar com o descarte de peças e de fluidos, reutilizar componentes e reciclá-los”, explica Mário Guitti, superintendente do IQA. Atualmente, apenas 10 oficinas em todo país têm o Selo Verde. Saiba quais são pelo www.cesvi.com.br.
E as peças trocadas em casa?
O diretor do Sindirepa aconselha: “Leve todas, mesmo as não contaminadas, como lâmpadas e palhetas, para o lugar em que as adquiriu. Até os supermercados devem receber os itens substituídos ou, no mínimo, indicar um local de coleta”.
O diretor do Sindirepa aconselha: “Leve todas, mesmo as não contaminadas, como lâmpadas e palhetas, para o lugar em que as adquiriu. Até os supermercados devem receber os itens substituídos ou, no mínimo, indicar um local de coleta”.
Não custa lembrar que quanto menos resíduos gerados, melhor para o meio ambiente. Um exemplo é a rede de serviços automotivos Dpaschoal, que tem o programa “Economia Verde”. “Antes da troca de qualquer componente, recomendamos que eles sejam avaliados para saber se a substituição é realmente necessária. O cliente gasta menos, há diminuição no consumo de peças e contribuição para a natureza”, diz William Bossolani, gerente de Marketing da Dpaschoal, que acrescenta: “Com utilização e manutenção corretas, é possível ter uma economia de até 25% na vida útil dos pneus, amortecedores, freios e baterias”.
por Camila Franco (Auto Esporte)
Nenhum comentário:
Postar um comentário