A água é imprescindível para a sobrevivência humana, tal qual o óleo é
para o perfeito funcionamento dos veículos. Não se misturam, mas uma
simples gota de óleo lubrificante torna a água imprópria para o consumo e
prejudica o meio ambiente.
Para saber como destinar
corretamente os óleos que são utilizados nos carros, ouvimos
quem evita que eles entrem em contato com a natureza e ainda lucra com
isso: profissionais de oficinas, centros automotivos e postos
especializados. Mas a primeira dica vem do diretor técnico e ambiental
do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do
Estado de São Paulo (Sindirepa), Antônio Gaspar de Oliveira: “Em
primeiro lugar, não troque o óleo em casa. Não se deve jogá-lo na pia e
no vaso sanitário. É preciso levá-lo ou fazer esse tipo de serviço em
uma oficina ou um posto que o destine corretamente, claro. E para ser
mais responsável ainda não se esqueça de encaminhar a embalagem plástica
do óleo para a reciclagem”.
Os tipos de óleo
Há
o óleo do motor e o do câmbio, que são lubrificantes, e o fluído de
freio e o de direção hidráulica. Entre os lubrificantes, existem três
tipos, segundo Vinícius Losacco, mecânico e preparador de motores da
Stock Car: mineral, sintético e semi-sintético. “O cliente deve sempre
usar o óleo indicado pelo manual de seu veículo e de acordo com a
periodicidade recomendada”, aconselha.
Apesar de terem
características diferentes, depois de utilizados, todos podem ser
armazenados juntos. O diretor do Sindirepa explica: “Independentemente
do tipo, eles devem ter a mesma destinação. Não precisa separá-los, pois
todos seguirão para o mesmo processo de reciclagem”. Ainda segundo ele,
os estabelecimentos que fazem a troca do líquido devem ter um
recipiente específico para a sua colocação. “Alguns têm galões, outros
tambores e até tanques, de acordo com a quantidade. O importante é que
neles apenas o óleo seja depositado”.
Rodrigo
da Costa Silva, gerente da Via Mais – Centro de Tecnologia Automotiva,
de Santo André, no ABC paulista, diz que a empresa que atende às normas
ambientais só tende a ganhar. “Não há porque descartar o óleo em
qualquer lugar. Temos um reservatório de concreto e a cada três meses
uma empresa especializada vem retirá-lo. Jun Yamamoto, da Jun 2Y Centro
Automotivo, no bairro paulistano do Butantã, diz que acondiciona o óleo
corretamente em tambores desde que abriu as portas. Na especializada Rei
do Óleo, no Jaguaré, bairro da capital de São Paulo, que atende 150
carros por dia, o óleo é guardado em galões e retirado semanalmente,
segundo o gerente Leandro Moreira.
E depois, o que fazer?
“O
óleo deverá ser refinado e voltará a ter as mesmas características de
antes de abastecer o veículo. Ele pode passar por esse procedimento
inúmeras vezes. Sua qualidade não será comprometida. Isso é muito bom do
ponto de vista ambiental, pois gera menos resíduo no meio ambiente. E
também é bom do ponto de vista econômico porque as refinarias compram o
óleo usado, o reciclam, e o colocam de volta no mercado”, diz Oliveira.
Certificado de coleta de óleo usado emitido pela Agência nacional do Petróleo
Fica
a cargo de empresas especializadas a coleta do líquido e seu transporte
até as refinarias, mas há um porém, como explica o diretor do
Sindirepa: “Não se pode vendê-lo a qualquer uma, e sim para as que são
homologadas pela ANP, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis, que pagam, normalmente, R$ 0,30 pelo litro”.
Marcelo
Fontana Gonçalves, proprietário da Bangu Escapamentos, também em Santo
André, diz que é fácil saber se uma empresa é ou não homologada pela
agência. “Ela deverá entregar um certificado de coleta de óleo usado, o
qual leva o nome da ANP. Se ela não tiver esse documento, não venda o
óleo. Provavelmente, ele não seguirá para refinarias”.
Oliveira
revela: “Existem empresas que não adotam o procedimento correto e
comercializam o óleo para olarias, cerâmicas e fundições clandestinas,
que o usam como combustível e prejudicam o meio ambiente. A queima de
cinco litros de óleo contamina o mesmo volume de ar que uma pessoa
respira durante 3 anos”.
A portaria 464 de 2007 dos
Ministérios de Meio Ambiente e de Minas e Energia estipula as metas de
coleta de óleo usado para cada Estado. “Em São Paulo, que tem a maior
frota de veículos do país, deve ser recolhido pelas empresas
credenciadas, no mínimo, 42% do óleo que foi comercializado”, conclui o
diretor.
por Camila Franco (Auto Esporte)
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