quarta-feira, 28 de março de 2012

Dock Dock: minicarro elétrico 100% brasileiro

Papelão, resina e policarbonato são os principais materiais utilizados no protótipo

Com 1,8 metro de comprimento e autonomia de 100 km, projeto pode começar a ser produzido até o final do ano

Uma das principais tendências do mercado automobilístico atual é o uso de tecnologias híbridas ou até totalmente elétricas para substituir os motores a combustão. E foi justamente com isso em mente que o arquiteto Jaime Lerner desenvolveu o projeto de microcarro elétrico 100% brasileiro. O Dock Dock, como foi apelidado, está em desenvolvimento há mais de quatro anos e já teve cinco protótipos testados.

Apesar de pensar no baixo impacto ao meio-ambiente, o carro elétrico foi inicialmente idealizado para dois ocupantes, mas terminou por se tornar um transporte individual. Pode parecer incoerente – já que mais unidades teriam de ser utilizadas para transportar todos os interessados –, mas os responsáveis pelo projeto acreditam que o tamanho reduzido garante a eficiência na mobilidade urbana.

Lerner levou em consideração o fato de que cerca de 84% dos deslocamentos da cidade de São Paulo acontecer nas ruas (e não por vias como o metrô) para projetar um sistema que funcione de maneira complementar ao transporte público, que deve ser cada vez mais eficiente. Para o arquiteto, “a superfície precisa ser melhorada, até para funcionar melhor o metrô” e ela deve combinar todas as formas de transporte. É aí que entra o Dock Dock.
   Divulgação
Autonomia é de 100 km com 6 horas de carga
Compacto e sustentável

Inspirado no sistema de aluguel de bicicletas aplicado em Paris, o veículo foi projetado para ser uma “bicicleta de quatro rodas com roupa”, como descreve o designer responsável pelo projeto, Emílio Mendonça. O projeto atual mede apenas 0,8 metro de largura, 1,7 metro de altura e 1,8 metro de comprimento. Com essas medidas, é menor inclusive do que o Smart (1,5 m X 1,5 m X 2,6m), o menor automóvel produzido em larga escala atualmente.

A preocupação ecológica não fica restrita à motorização não-poluente, já que a estrutura desenvolvida em papelão e resina dão o toque final à sustentabilidade desse projeto. Para conseguir levar cargas de até 200 kg, foi utilizada uma estrutura conhecida como honeycomb, que é inspirada nas colméias de abelhas, com formato alveolar, o que garante maior resistência e pouco peso.

São poucas as peças não recicladas ou recicláveis do Dock Dock, como o chassi e o motor. Ainda assim, elas podem ser reutilizadas uma vez que sejam descartadas do veículo. Outra parte do projeto que pode ser reciclada é a capota - feita de policarbonato para oferecer a resistência necessária para não quebrar facilmente e ainda possibilitar iluminação natural dentro da cabine.

Desempenho

Por se tratar de um veículo elétrico e urbano, sua velocidade máxima não passa dos 25 km/h e a autonomia é de 100 km com uma carga completa de bateria. Por conta da velocidade que desenvolve e pela falta de segurança frente a veículos maiores, o Dock Dock ficaria restrito a faixas específicas, como as ciclofaixas, como exige o Detran.

Para movê-lo, são utilizadas quatro baterias de 12 volts cada, gerando um total de 48 volts e 2200 watts de potência com corrente contínua. Os idealizadores prevêem que o período noturno seja utilizado para recarregar as baterias, processo que leva cerca de 6 horas nas docas especificamente projetadas para receber o Dock Dock.

Lerner e Mendonça esperam concluir a fase de testes do protótipo dentro de três meses e conseguir uma empresa para fabricá-lo em larga escala até o final do ano. A partir daí, serão necessárias negociações com os governos que tenham interesse em rever a estrutura do transporte público de suas cidades ou estados. O preço inicial de cada unidade gira em torno de US$ 5 mil (cerda de R$ 9 mil), mas esse valor deve diminuir com o início da produção.

Os idealizadores acreditam que os primeiros testes práticos possam ser realizados nas cidades-sede da Copa do Mundo de 2014 ou na Vila Olímpica das Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016. Aliviar a mobilidade nas regiões centrais de cidades com mais de 500 mil habitantes é o objetivo principal do Dock Dock.

por Guilherme Blanco Muniz (Auto Esporte)

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