O sonho de ter um importado de luxo, nem que seja só por um ano, pode se
tornar realidade. Mas é preciso fazer todas as contas e aceitar a ideia
de perder dinheiro
Já passou por sua cabeça comprar um “carro do sonho” e ficar com ele
por um ano? Tudo bem, não precisa ser uma Ferrari, mas talvez um Chevrolet Camaro, um Mini Cooper S, um Land Rover Range Rover Evoque...
Perder dinheiro é inevitável, mas para quem abrir mão de um
investimento para curtir uma paixão, mesmo que temporária, pode valer a
pena. O importante é fazer um planejamento financeiro “pé no chão” para
nenhuma surpresa causar um rombo na conta bancária.
Após
juntar o dinheiro para quitar o carro à vista ou parte dele, o primeiro
passo é pesquisar bem quanto o modelo vai desvalorizar em um ano. De
acordo com o gerente sênior de vendas de automóveis da Mercedes-Benz,
Dirlei Dias, a desvalorização média é de 15% sobre o valor do veículo.
No entanto, tudo depende do perfil de cada região e do carro em si. Por
isso, o consultor financeiro Alexandre Lignos recomenda visitar três
concessionárias, uma loja grande de carros usados e uma pequena.
A primeira pergunta é quanto eles vendem o tal modelo com um ano de
uso. A desvalorização pode chegar a 50% em alguns casos, e a
quilometragem conta bastante. A segunda é sobre a procura por este tipo
de carro. “Conheça bem o seu sonho. Tem modelo que concessionária nem
aceita, porque não consegue revender. Outros ficam seis meses sem
conseguir um comprador, e quem vai pagar por este carro parado é você”,
afirma Lignos. O custo de um carro à espera de um novo dono pode
equivaler a 5% do valor do bem.
Feita a pesquisa, é hora
de aumentar a listinha de gastos: IPVA, DPVAT, despachante, combustível,
revisões periódicas e seguro. Um tanque cheio de um carrão pode
significar R$ 200 por semana, por exemplo. Já o seguro varia bastante
conforme localidade, perfil e tipo de veículo; picapes grandes têm as
apólices mais altas. Os valores do seguro ficam entre 3,5% e 12%,
segundo o consultor: “São os chamados custos indiretos.” Há ainda os
imprevisíveis. Um pneu estourado do Evoque, por exemplo, custaria cerca de R$ 1.200. Quanto mais “poderoso” o carro, mais caras serão as peças.
* Valores consideram a cidade de São Paulo |
O ideal é conseguir pagar o carro à vista. Mas, se não tiver jeito,
tente parcelar o menos possível, para o modelo de R$ 150 mil não virar
um de R$ 600 mil com a cobrança de taxas de juros. A dica do consultor
financeiro é procurar as promoções de início de ano, quando as lojas
querem desovar carros fabricados no ano anterior. “Boas são promoções do
tipo ‘pague 50% de entrada e parcele em 12 vezes sem juros’”.
Sonho usado
A
compra de um carro com um ano de uso inclui gastos com transferência e
depreciação. “No segundo ano, a desvalorização pode ser metade do que
foi no primeiro”, diz Lignos. Além disso, há as revisões. Fora as
surpresas, pois nem sempre é possível saber como o antigo dono cuidou do
veículo.
* Valores consideram a cidade de São Paulo |
Carro x aposentadoria
O
prazer do tão almejado carro pode até não ter preço, mas Lignos afirma
que esse dinheiro pode fazer a diferença entre se aposentar bem ou não:
“Ponha no papel quanto renderia o gasto total se o dinheiro fosse
aplicado. Quem realiza um sonho fora do que o bolso permite pode ter o
futuro comprometido. Isso a pessoa tem de ter em mente”, diz.
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